Juninho comemora gol pelo Bahia na Arena Fonte Nova
Juninho comemora gol pelo Bahia na Arena Fonte Nova

Nas últimas cinco rodadas, o Bahia somou nove pontos e deixou para trás a má fase após enfrentar momento complicado no Brasileiro.

No período, o time tricolor teve o quinto melhor aproveitamento do campeonato.

E parte desse crescimento passa pelos pés de Juninho, um dos melhores jogadores da última Série B, fundamental na campanha de acesso e motivo de cobiça do Inter, mas que andava um pouco de lado no clube. Entre outros motivos, segundo o volante, por atuar fora de posição e ter tido o seu psicológico abalado com a perda da titularidade na sequência de sua renovação de contrato.

A chegada de Jorginho para o lugar de Guto Ferreira no fim de maio teve peso decisivo na mudança.

Mais especificamente, uma conversa ‘sem rodeio’ com o novo treinador.

“Depois que o professor Jorginho chegou, conversei com ele porque ele me perguntou se eu poderia fazer a meia e disse: ‘professor, não me leve a mal, por favor, mas prefiro esperar ter uma chance na minha posição’. Ele me atendeu super bem, cara espetacular e, desde então, tenho tido muitas chances na minha posição. Isso tem elevado meu nível de jogo e tive oportunidade de iniciar contra o Atlético-MG, que tinha 32 anos que não vencíamos em Belo Horizonte. A gente conseguir vencer o jogo por 2 a 0 no temido Horto é uma noite para ficar marcada para o resto da vida”, conta Juninho ao ESPN.com.br.

Perguntado pela reportagem se faltava diálogo com Guto, o destaque de 31 anos se diz mais confortável agora.

“Eu particularmente me sinto muito mais à vontade com Jorginho, tem mais liberdade para conversar, ele me olha no olho, conversa comigo diretamente”, resume.

“Mas a gente tem que focar no momento agora. O Guto está no Inter, a gente torce para que ele tenha sucesso lá e alcance os objetivos dele. Nosso treinador hoje é o Jorginho, a gente torce para que faça grande trabalho e nos ajude nos objetivos esse ano”, acrescenta.

Afastar o Bahia da zona da degola e beliscar uma vaga nos torneios continentais é uma delas.

Na última quarta-feira, a equipe bateu o Atlético-MG por 2 a 0, em plena Arena Independência. Os dois gols foram marcados por Juninho, um deles em cobrança de pênalti, e ele não escondeu o choro ao comemorar.

“Cara, acabaram saindo lágrimas nos olhos. Pura emoção. Porque ano passado tive um ano espetacular, melhor ano da minha carreira, pude ter participação grande no acesso. E esse ano não tive sequência – na verdade, sequência de mais de dois ou três jogos na mesma posição. E eu vinha de uma lesão no fim do ano passado. Precisava dessa sequência para readquirir minha forma e confiança. Estava vindo de lesão, um pouco complicada no fim do ano passado, e não tive (sequência). Muitas das vezes utilizado fora de posição, isso que acabou fazendo com que perdesse parte do espaço. Mas nunca deixei de trabalhar, sempre respeitei meus companheiros, triste, claro, de não ter tido sequência, mas com muito respeito”, diz.

Com Renê Jr. e Edson titulares e em excelente momento na arrancada de 2017, Juninho foi utilizado como um dos três meias no esquema 4-2-3-1 de Guto Ferreira, hoje no Inter.

Para ele, fez a diferença em seu rendimento.

“Muita diferença porque sou um jogador acostumado a jogar de frente. Quando se joga de frente, o campo fica mais amplo, muito mais fácil jogar e é a posição que me sinto à vontade. (Sobressai) meu diferencial conseguindo dar qualidade na saída de bola, marcar, consigo chegar e finalizar bastante. Quando jogo lá na frente, a participação no jogo diminui, fico sem a mobilidade que tenho. Mas sou funcionário do Bahia, estou à disposição, deixando claro minha posição de origem”, explica.

Craque da Série B e chamado, inclusive, de novo ‘Canhão do Fazendão’ – apelido carregado pelo ex-volante Lima Sergipano, dono de forte chute -, Juninho sofreu assédio do Inter no início do ano.

A proposta o ‘tentou’, mas ele nega que interferiu em suas atuações.

“Não é que não mexeu com a minha cabeça, era uma proposta financeira muito boa, tempo de contrato também muito bom. Tinham outros clubes no Brasil que também que sondaram, que tinham vontade de me contratar. Sempre deixei bem claro que não tinha vontade de sair do Bahia, me sinto em casa no Bahia, à vontade. O que me fez cair um pouco de rendimento pode ter sido até psicológico mesmo. Por eu ter renovado contrato com o Bahia, achei que ia ter sequência no início do ano pelo ano que eu tive em 2016, por estar voltando de lesão. Infelizmente, não tive”, revela.

“Isso me abateu um pouco , mas nunca deixei de trabalhar. Quando a gente faz as coisas feliz, faz muito melhor. Mas é passado. Acredito que agora as coisas vão voltar a acontecer. Tive uma noite maravilhosa na quarta-feira. Foi difícil para dormir. A emoção bateu conversando com a minha esposa, que é quem está comigo no dia a dia, no sofrimento, partes ruins, partes boas. Então, a gente ficou muito feliz e acredito que ali foi uma virada de página legal. De agora em diante, ano maravilhoso para todos nós”, completa.

No próximo domingo, às 11h (de Brasília), ele quer encerrar o jogo contra o Santos no Pacaembu com a mesma satisfação da última quarta e, não se incomodaria, com a mesma dificuldade para dormir.

Será bem-vinda.

“Dormir foi um pouco difícil (na quarta), a gente ficou ali recebendo milhares de mensagens, mensagens de pessoas que, quando não estava bem, sumiam. Agora vão aparecer diversos amigos. Mas a gente sabe quem são os amigos de verdade, que apoiam a todo momento, momentos de dificuldade e bons. Esses amigos a gente sabe diferenciar quem são”, finaliza.