Morre Rubin ‘Hurricane’ Carter, boxeador que foi tema de filme e música de Bob Dylan
3 min read- DoZigzagdoesporte Por ESPN.com.br.
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Blank Archives/Getty Images
Morreu neste domingo, aos 76 anos, o ex-boxeador norte-americano Rubin Carter, conhecido como “Hurricane” (furacão). Ele faleceu em sua casa, em Toronto, no Canadá, vítima de um câncer de próstata contra o qual já vinha lutando há tempos.
Carter é conhecido por ter sido preso injustamente por 19 anos por supostamente ter assassinado três pessoas em 1966. Sua vida foi tema de livros e filmes, como The Hurricane, de 1999, com Denzel Washington no papel principal.
A principal recordação de Rubin Carter, porém, é a música Hurricane, lançada em 1975 por Bob Dylan, que fala sobre o tempo que o ex-boxeador passou na cadeira “por algo que nunca fez”.
Carter, que tinha nascido em 1937 na cidade americana de Clifton, começou a praticar boxe após se alistar no Exército americano. Mas após sua dispensa, passou quatro anos na prisão por roubo.
Após sair da prisão, em 1961, retornou ao boxe para se transformar em profissional de peso médio. Então, parecia ter um promissor futuro após acumular mais de uma dúzia de vitórias, em sua maioria antes por nocaute, o que lhe rendeu o apelido de “Hurricane”.
Mas, em 1966, Carter foi detido junto com um amigo e acusado do assassinato de três pessoas em Nova Jersey.
Após um rápido julgamento, Carter foi condenado à prisão perpétua por um júri composto exclusivamente por brancos. Tanto Carter como seu amigo, John Artis, negaram o tempo todo seu envolvimento nos assassinatos, passaram sem problemas por um detector de mentiras e as testemunhas não os reconheceram como os autores.
Em 1974, Carter publicou a autobiografia “The Sixteenth Round”, que atraiu a atenção de famosos como o cantor Bob Dylan e o ex-boxeador Muhammad Ali.
Dylan se reuniu com Carter na prisão e, após ficar convencido de que o ex-boxeador era inocente, organizou vários concertos benéficos para expor seu caso e em 1975 escreveu a canção “Hurricane” que se transformou em um dos maiores sucessos de seu tempo.
Após um segundo julgamento em 1976, Carter e Artis foram condenados de novo apesar da principal testemunha de acusação ser um conhecido delinquente que em duas ocasiões tinha mudado sua história.
Mas em 1979 uma adolescente negra que vivia no Canadá convenceu um grupo de canadenses, entre eles os advogados Leon Friedman e Myron Beldock, de iniciar uma campanha para conseguir sua libertação.
Seus esforços deram resultado. Em 1985, um juiz federal opinou que a Promotoria tinha atuado de má fé durante os dois julgamentos anteriores. Depois disso, foi viver no Canadá, onde fundou uma associação que luta até hoje pelos direitos de presos que foram condenados injustamente.
Em sua carreira como boxeador, interrompida em 1966, o “Furacão” conquistou 27 vitórias, 17 delas por nocaute, com 12 derrotas e um empate completando seu cartel. Seu último combate foi um revés para o argentino Juan Carlos Rivero, em Santa Fe, na Argentina.