Sem craques, Brasil tem trunfo em ‘superbanco’ para chegar à semifinal.
3 min readThiago Arantes, de Madri, para o ESPN.com.br.
O tempo em que apenas um jogador decidia as partidas acabou na seleção brasileira masculina de basquete. Na verdade, o tempo em que cinco jogadores decidiam, também.
O Mundial masculino de basquete, que acontece na Espanha até o dia 14 de setembro, tem transmissão dos canais ESPN e do WatchESPN; o ESPN.com.br também cobre o evento in loco.
A equipe que enfrenta a Sérvia às 13 horas (horário de Brasília), nesta quarta-feira, com transmissão dos canais ESPN, não aposta apenas em seus titulares. De fato, nem sequer há uma formação titular clara – o técnico Rubén Magnano decide, jogo a jogo, quais são os atletas que levará à quadra. Tem dado certo – uma vitória diante dos sérvios coloca o Brasil em uma semifinal após 28 anos.
Até agora, em seis partidas, foram cinco formações diferentes. Apenas o armador e capitão da equipe, Marcelinho Huertas, esteve em todas elas. A única repetição aconteceu entre as partidas contra a Sérvia, na primeira fase, e a Argentina, nas oitavas de final, quando a equipe foi à quadra com Huertas, Leandrinho, Marquinhos, Anderson Varejão e Tiago Splitter.
A falta de uma equipe inicial claramente definida mostra, também, que Magnano não leva muito em conta os conceitos de titulares e reservas. “Se pudessem começar jogando 12, seria lindo, todo mundo ficaria satisfeito. Mas eu tenho de escolher cinco, e escolho de acordo com o adversário. Mas preciso dos 12 sempre prontos”, disse o treinador.
Até agora, o banco brasileiro tem se mostrado pronto. Os jogadores que entram no decorrer das partidas têm uma média de 39,8 pontos. O número é o segundo melhor da competição, atrás apenas dos Estados Unidos, que tiveram média de 40,3 pontos do banco nas seis primeiras partidas.
Percentualmente, a relevância do banco brasileiro fica ainda mais evidente. Foi dali que saíram 47% dos pontos da equipe nos seis confrontos até agora. Quase a metade dos pontos saiu de quem não começou jogando.
“No basquete não existe muito isso de titulares ou reservas. Existe o jogador que está bem preparado entra e, se for bem, continua jogando”, afirma o pivô Anderson Varejão, que começou no banco nas três primeiras partidas e passou a iniciar as partidas nos três últimos confrontos. Diante da Argentina, ele jogou 33 dos 40 minutos, um recorde da seleção brasileira nesta Copa do Mundo.
Entrar, jogar bem e ficar em quadra. Foi o que aconteceu com Raulzinho diante dos argentinos. O armador, caçula da seleção, substitui Marcelinho Huertas e foi o cestinha da partida, com 21 pontos.
Para Huertas, o titular que viu seu substituto mudar a cara da partida, esse tipo de situação é parte das características desta seleção. “Isso é o ponto forte deste time. Se um jogador que faz 15 pontos tem um dia um pouco pior e marca 4, por exemplo, vem o substituto e marca mais pontos”.
Os números mostram que, de fato, a seleção brasileira deixou de ter um cestinha. Apenas Leandrinho tem média superior a 10 pontos por jogo – com 13, ele é o vigésimo melhor anotador do campeonato. Na sequência, aparece Marquinhos, o 53o, com 9,8; Tiago Splitter, o terceiro da seleção, é apenas o 76o, com 8,2.