Perda de amigos, condomínio bombardeado e mudanças: Shakthar ainda sofre com guerra. Entenda o fato.
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Russos e ucranianos entraram em confronto em uma área que engloba, dentre outras, a cidade de Donetsk, sede do Shakhtar, equipe conhecida pelo grande número de brasileiros. Um ano após os conflitos, jogadores e dirigentes ainda sofrem com as mazelas do confronto.
Um desses jogadores, o atacante Bernard, que saiu do Atlético-MG para o Shakhtar Donetsk em agosto de 2013, teve seu condomínio bombardeado em meio ao conflito. Em tom de tristeza, o jogador comentou sobre as mudanças no dia a dia.
“Quatro pessoas morreram e várias casas de jogadores foram bombardeadas. O condomínio onde eu morava foi bombardeado. É muito triste, complicado. Espero que tudo se resolva e que não haja mais mortes. Saímos de nossa casa e hoje, o momento na cidade em que estamos (Kiev) é tranquilo, não há nenhuma ameaça. Já em Donetsk, a cidade, que tinha 1,5 milhão de habitantes, agora só tem 100 mil, a tristeza é grande mas eu tento passar tranquilidade a todos”, disse Bernard.
Enquanto foge do inverno europeu e dos conflitos na Ucrânia, o elenco do Shakhtar está no Rio de Janeiro fazendo intertemporada e vai disputar cinco amistosos no Brasil. O também brasileiro Wellington Nem destacou outra parte importante prejudicada pela guerra: a torcida, que se viu afastada do time, campeão ucraniano em oito das últimas dez edições.
“Largamos nossa casa, nosso CT, nosso estádio.. A nossa torcida e as pessoas que moram lá sofreram muito, muitas pessoas morreram, é muito triste. Só lamentamos e tivemos que jogar em outro lugar, tem torcida, mas é diferente”, declarou Nem.
Auxiliar-técnico de Mircea Lucescu no Shakhtar Donetsk, o brasileiro Antônio Carlos Zago, ex-zagueiro de São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos e com marcante passagem pela Roma, falou sobre os problemas esportivos que os conflitos acarretaram. Após ter seu estádio bombardeado e destruído, a equipe trocou a cidade de Donetsk por Lvyv, ao oeste do país.
“Estamos tendo que treinar fora. A Guerra nos deixou em uma situação atípica. Moramos em uma cidade e treinamos e jogamos em outra. Estamos em Kiev e jogamos em Lvyv. Na Champions toda a aotrcida nos caompanha, mas não temos uma casa, estamos com muita dificuldade no Ucraniano, estamos no segundo lugar e esperamos que nessa virada de turno consigamos conquistar nossos objetivos, que são o título ucraniano e a classificação para a Champions League”, disse Zago.
Além disso, o ex-jogador falou também sobre a vida no país. Segundo Zago, a Ucrânia continua um país calmo e a pior parte é a perda de pessoas próximas em função dos conflitos.
“A região de conflito é pequena, a Ucrânia é um país calmo, tranquilo e está liberado dos confrontos. Apenas em Donetsk temos conflitos, mas é só não chegar muito perto das áreas de risco. É triste para a cidade que viu grande parte da população ir embora, fugir para outras cidades e até outros países. É muito chato, perdemos pessoas conhecidas e essa é a parte mais difícil. Esperamos que tudo se resolva”, finalizou.