Baixinho, ‘melhor goleiro do Brasil’ já viu tiroteio em estádio e ameaça Atlético-MG.
4 min readFrancisco De Laurentiis, do ESPN.com.br, e Vladimir Bianchini, da Rádio ESPN.
Ele levou apenas quatro gols nos 11 jogos que fez no ano, média de 0,36 por partida. Além disso, está há seis partidas sem ser vazado, ou 540 minutos.
E tudo isso com “apenas” 1,83m, considerado pouco para um goleiro.
Esse é Rodrigo Viana da Conceição, 25 anos, que pode ser considerado o melhor arqueiro do Brasil atualmente, ou ao menos o que levou a menor quantidade de gols no Brasil em 2015.
Ele joga pela Caldense, outra grande surpresa do futebol brasileiro neste início de ano. Com um elenco modesto, que custa apenas R$ 160 mil por mês, o clube de Poços de Caldas alcançou a final do Campeonato Mineiro no último domingo, ao vencer o Tombense por 2 a 0, no domingo.
Coisa que o Cruzeiro, com seu time milionário, não conseguiu…
Mas qual é o segredo da equipe que ameaça o Atlético-MG na decisão do Estadual?
“Segredo? Tem segredo, não (risos). É muito trabalho. Trabalhamos muito, e a equipe é muito unida, uma família. Esse é o segredo: trabalho, foco e raça dentro de campo”, conta Rodrigo, em entrevista à Rádio ESPN.
O goleiro admite, porém, que o time verde jamais pensou em chegarà final do Mineiro. Pensavam, no máximo, em uma semifinal, se tudo desse certo…
No entanto, as coisas saíram muito melhor do que o esperado. Na fase de grupos, a Caldense terminou à frente de Cruzeiro e Atlético. Já na semi, contra o embalado Tombense, o clube de Poços de Caldas não passou apuros e avançou sem sofrer gols.
Para Rodrigo, muito graças à excelente estrutura da equipe do interior mineiro.
“Quando cheguei aqui, no início do ano, me surpreendi, porque era ainda melhor do que tinham me falado. Os campos de treinos são ótimos, tem piscina, musculação, alojamento, apartamentos para os casados… A cidade abraça o time e enche o estádio, e o clube tem até convênio com as termas daqui! A equipe tem tudo pra crescer nos próximos anos e subir de divisões no Brasileiro”, aposta.
Segundo o arqueiro, outro grande responsável pela ótima campanha da Caldense é o jovem técnico Léo Condé, de apenas 36 anos, com quem Rodrigo já havia trabalhado no Tupi, de Juiz de Fora.
“É um estudioso e um cara excepcional. Ele nos passa todas as informações possíveis dos adversários, sabe cobrar e incentivar os jogadores. Formou uma família aqui na Caldense”, relata.
As finais do Mineiro estão marcadas para os próximos dias 26 de abril (no Independência, em Belo Horizonte) e 3 de maio (no Ronaldão, em Poços de Caldas).
Será que Rodrigo será finalmente vazado pelo forte ataque atleticano?
Tiroteio no estádio
Antes de chegar à Caldense e se deparar com a tranquilidade de Poços de Caldas, o “melhor goleiro do Brasil” passou alguns apuros na carreira. O maior deles foi quando jogava pelo Tupi e foi ao Rio de Janeiro enfrentar o Madureira, pela Série C do Brasileirão, em 2012. Durante o jogo, houve um tiroteio nas proximidades do estádio, e os jogadores tiveram que se abaixar para fugir das balas.
“Era um confronto entre a polícia e traficantes no Morro da Serrinha, que fica ao lado do estádio, mas não tinha como saber aonde era na hora da partida”, narra, assustado.
“Lembro como se fosse ontem: o tiroteio comendo solto, aquela barulheira sem fim, a gente não sabia se se escondia ou parava o jogo e nada do juiz parar a partida! Eu fazia o que podia… Quando a bola estava no ataque, me escondia debaixo das traves, agachado. O lateral direito, quando a bola estava no ataque, deitava no gramado, e foi assim até o jogo terminar. Acabamos perdendo o jogo por 1 a 0 e depois fomos rebaixados, para piorar”, recorda.
Mas esse não foi o único Tupi x Madureira no qual Rodrigo testemunhou uma confusão. Em outro choque entre mineiros e cariocas pela Série C, a partida teve que ser interrompida por problemas inusitados com a ambulância.
“Teve um choque de atacante e zagueiro e não tinha ambulância, porque o trânsito estava terrível e ela atrasou para levar o jogador ate o hospital. Então, o jogo teve que ser interrompido até a ambulância voltar”, lembra.
“O problema é que, por causa do calor, um torcedor infartou, e quando ela chegou para buscar o cara, o jogo ficou interrompido mais um tempão. Aí como o estádio do Madureira não tinha iluminação, o juiz resolveu fazer dois tempos de 40 minutos, porque senão ia escurecer e não tinha como ter jogo (risos)”, completa.