Musa do Axé Bahia é celebridade e empresária de jogadores no Chile; confira.
5 min readdo Zigzagdoesporte.com.br por ESPN.com.br com agência Gazeta Press.
Divulgação.
Desconhecida no Brasil, Flaviana Seeling é uma celebridade no Chile, sede da Copa América. A artista paranaense ganhou fama ao liderar o grupo Axé Bahia no começo dos anos 2000 e, desde que se uniu ao atacante argentino Juan José Morales, passou a agenciar jogadores de futebol.
Contratado por empresários chilenos, o Axé Bahia deixou o Brasil para fazer propagandas de uma marca de jeans. Após alguma dificuldade no começo, o grupo liderado por Flaviana Seeling passou a ganhar terreno com apresentações em um canal de televisão.
Conhecidos como “ingleses da América do Sul”, os chilenos têm fama de contidos e viveram anos sob toque de recolher durante a ditadura de Augusto Pinochet. Ainda assim, impulsionado por versões de hits como “Dança da Manivela”, “Olha a Onda”, “Tapinha Não Dói” e “Dança da Mãozinha”, o Axé Bahia alcançou sucesso expressivo.
“O boom foi surpreendente. No começo, nos apresentávamos nas discotecas e ninguém se mexia. Mesmo um pouco envergonhado, o povo chileno aos poucos começou a dançar e ficou mais desinibido. É lindo saber que trouxemos algo de positivo para a cultura de um país. Muita gente diz que ajudamos de alguma forma”, disse Flaviana ao jornal Gazeta Esportiva.
O Axé Bahia viveu o auge de seu sucesso no Chile de 2001 a 2005. Além de cinco discos e um livro, o grupo formado por Flaviana, Jefferson, Jociney, Francini e Bruno lançou uma série de produtos, como cadernos, lápis, álbuns e bonecos. No Festival de Viña del Mar 2002, os brasileiros bateram recorde de audiência televisiva.
O “fenômeno”, com diz Flaviana Seeling, não ficou restrito ao Chile. Por meio da televisão, o grupo ganhou fama em países como México, Peru e El Salvador, entre outros. Os brasileiros ainda gravaram com a cantora Célia Cruz, estrela cubana que faleceu em 2003.
“Pensamos que o sucesso seria restrito ao Chile, mas viajamos a vários países e o carinho das pessoas conosco era enorme. Foi mais do que um sonho. Minha única pena é que nunca recebemos o mesmo reconhecimento no nosso próprio país. No Brasil, não somos
valorizados. Os fãs até estranham”, lamentou Flaviana, chamada de “xuxuca” no Chile.
A exemplo do que ocorreu no Brasil, apesar do surgimento de novos grupos, o axé perdeu força no Chile com o passar dos anos. Ainda assim, nas festas de casamento e formatura os sucessos do grupo invariavelmente são tocados e dançados com as devidas coreografias. “Nossos fãs, que eram adolescentes, já são pais”, atestou a líder.
O Axé Bahia chegou a se reencontrar para algumas apresentações em 2013, mas não funciona mais como grupo. Na esteira do sucesso conseguido no começo dos anos 2000, os ex-integrantes tocam projetos próprios no Chile, falam espanhol com sotaque do país e alguns são agenciados pela produtora artística mantida por Flaviana Selling.Atualmente, em parceria com Bruno Zaretti, ela investe em uma versão da música “Seu Bombeiro”, de Munhoz e Mariano. Como toda celebridade que se preze, a brasileira já participou de um reality show, frequenta programas de televisão e faz caras e bocas nas redes sociais.
No final do ano passado, Flaviana Seeling e Juan José Morales, pais do pequeno Gianluca, integraram o elenco de “Amor a Prueba”, reality transmitido pela emissora Mega. O jogador argentino interrompeu a própria carreira para participar do programa, no qual teria se reconciliado com a brasileira após um período de separação.
O atacante de 33 anos, com passagens por times como Argentinos Juniors, Paraná Clube e Universidad Católica, atualmente defende o All Boys, da Segunda Divisão de seu país. À carreira artística, Flaviana Selling acrescentou a atuação como empresária de jogadores de futebol após a união com Morales.
Ela começou ajudando o marido e ganhou novos clientes, os quais prefere manter em sigilo. Como não possui autorização da Fifa para agenciar jogadores, a ex-líder do Axé Bahia trabalha em sociedade com a Sport & Law, sediada em Buenos Aires, e com a Conquest Sports, do Brasil.
“Eu já vivi em diferentes países e tenho alguns bons contatos. Em parceria com as empresas, fazemos um triângulo e negociamos jogadores entre clubes de Brasil, Chile e Argentina. Curiosamente, aqui no Chile tenho dificuldade para colocar brasileiros. Eles acham que somos dorminhocos, festeiros e que não vamos aguentar o frio”, contou.Formada em administração de empresas, Flaviana vem usando o conhecimento acadêmico na nova atividade, iniciada há dois anos. “Sou praticamente a única mulher nesse meio, é engraçado. Há pessoas muito ruins no mundo do futebol e os jogadores acabam sendo explorados, porque têm receio de buscar os próprios direitos”, disse.
Flaviana vive com a família em Santiago e já tem certa dificuldade para falar português fluentemente. Ela é proprietária de um salão de cabelereiros e foi contratada por um canal de televisão durante o Mundial de 2014. Na Copa América, espera não sofrer com um novo confronto entre Brasil e Chile.
“É muito difícil para mim, mas acabo torcendo pelo Brasil. Afinal, já tenho muitos chilenos em casa”, diz a artista, fã do Coritiba e da Universidad Católica. “De qualquer forma, amo o Chile e sou feliz aqui. Eles abriram as portas para mim e sempre me trataram como uma rainha”, completou a artista.