15/12/2024

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Dois anos após Draft, Caboclo se diz mais maduro e dá sinais de evolução na busca por espaço na NBA

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Luís Araújo, para o ESPN.com.br.
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Bruno Caboclo, na sua chegada a Toronto
Bruno Caboclo foi selecionado pelo Toronto Raptors no Draft de 2014 

No dia 26 de junho de 2014, o ala Bruno Caboclo foi selecionado pelo Toronto Raptors na 20ª posição do Draft da NBA. Assim que isso aconteceu, Fran Fraschilla, analista daESPN dos Estados Unidos que participava como comentarista na transmissão do evento, elogiou o potencial do brasileiro, mas ressaltou o quanto ele ainda precisava se desenvolver com uma frase que acabou ficando famosa: “Ele está a dois anos de estar a dois anos de estar pronto para jogar.”

Pouco mais de dois anos depois, em um jogo dos Raptors pela Summer League contra o Golden State Warriors, Bruno acertou uma bola de três pontos no estouro do cronômetro, permitindo que seu time fosse para o intervalo com uma vantagem de quatro pontos no placar. A partida estava sendo exibida pela NBA TV, e o narrador Vince Cellini afirmou na hora: “Ele não está a dois anos de nada, ele já está pronto.”

Afinal de contas: qual das duas análises, feitas em momentos distintos, está mais próxima de corresponder à realidade de Bruno Caboclo? Ele já está pronto mesmo para entrar em quadra regularmente ou ainda restam dois anos?

A resposta só deverá aparecer mesmo quando a temporada 2016/17 da NBA começar. Estar pronto significaria fazer parte de vez da rotação dos Raptors, algo que passou longe de acontecer até agora. Das 188 partidas que o time canadense fez desde a chegada do brasileiro, incluindo playoffs, apenas 14 tiveram participação dele.

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Bruno Caboclo jogou só 14 vezes pelos Raptors 

Será difícil acontecer uma mudança de cenário tão brusca de um campeonato para outro, especialmente em uma equipe que vem de uma inédita vaga na final da Conferência Leste. De qualquer maneira, Bruno está seguro de uma coisa: o estágio em que se encontra hoje não é o mesmo em relação a quando se juntou aos Raptors.

“Amadureci muito, com certeza”, afirmou o brasileiro ao ESPN.com.br. “Lembro de quando cheguei ao Canadá e vejo o quanto o meu jogo evoluiu, o quanto que aprendi e sigo aprendendo. Estou crescendo como jogador. Tenho trabalhado forte durante a temporada e nas férias também, estou vindo da Summer League e meu objetivo é chegar ainda melhor no próximo campeonato. Estou focado e me preparando para estar à disposição e ajudar a equipe quando precisar, da forma que for preciso.”

A sensação da comissão técnica dos Raptors parece ser semelhante. “Eles definitivamente veem progresso”, contou o jornalista Ryan Wolstat, que cobre o dia a dia da equipe para o jornal Toronto Sun.

“Ainda há um trabalho considerável a ser feito, mas o chute de três pontos, que é a grande força dele, é algo que não se ensina por aí. Dwane Casey (técnico dos Raptors) falou recentemente sobre o arremesso dele, e Jerry Stackhouse (um dos assistentes) disse ter ficado impressionado com a defesa que o Bruno apresentou na Summer League”, completou.

Bruno aponta três fatores que o ajudaram a se desenvolver ao longo das duas primeiras temporadas na NBA, compensando o fato de raramente ter entrado em quadra neste período: os treinos, o ambiente e a oportunidade de passar pela D-League (Liga de Desenvolvimento).

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Bruno Caboclo foi mandado para a liga de desenvolvimento
Bruno Caboclo foi mandado para a D-League

“Ela foi importante para a minha evolução, para dar sequência, para dar ritmo de jogo e para me fazer continuar crescendo aqui”, disse o brasileiro sobre a D-League. “O ambiente também ajuda bastante. O aprendizado é diário, com conselhos e orientações que são importantes na rotina de trabalhos para eu continuar me aprimorando.”

Mas quem acompanhou os primeiros passos dele não vê a Liga de Desenvolvimento com os mesmos bons olhos. Trata-se de Brenno Blassioli, que trabalhou com Bruno no Pinheiros e foi técnico dele na LDB (Liga de Desenvolvimento de Basquete) — competição nacional sub-22 — em 2013, poucos meses antes de o jogador partir para a NBA.

“A D-League, com todo respeito, é um rachão comparado a uma liga europeia. Então ele não tem jogado em alto nível tático nos últimos dois anos, nem pela seleção nem pelo clube. E isso me preocupa. Espero que seus mentores saibam o que estão fazendo”, declarou Brenno, que admite não ter contato diário com o atleta, mas que segue o acompanhando à distância.

“Por mais que tenha sido recrutado na primeira rodada, ele deveria ter ido para a Europa após o Draft e atuar em um time médio de Euroliga, onde pudesse ser trabalhado especialmente na leitura tática do jogo e pudesse jogar”, opinou.

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Durante a última temporada, Bruno disputou 37 jogos com o Raptors 905, time afiliado do Toronto Raptors na D-League. Foi titular em 35 deles. Teve médias de 14,7 pontos, 6,5 rebotes, 1,8 toco e 1,1 roubo de bola por partida, com aproveitamentos nos arremessos não mais do que discretos: 33,5% nas bolas de três e 40% nos chutes em geral.

Os números podem até não ser tão impressionantes assim, mas isso não impede quem o comandou por lá de ver progresso.

“Eu dou muito crédito a ele”, disse Jesse Mermuys, que foi treinador do Raptors 905 na última temporada da D-League e deixou o cargo para se juntar à comissão técnica do Los Angeles Lakers.

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Bruno Caboclo teve atuação apagada na derrota dos Raptors
Bruno Caboclo tem recebido elogios em Toronto

“Estamos falando de alguém que melhorou muito em um curto espaço de tempo. Ele tem tudo para se sentir muito bem com relação a isso, assim como sei que a organização como um todo ficou ainda mais animada em torno dele.”

Mermuys não parou por aí. Falou também sobre como enxerga uma mudança no status do brasileiro na NBA.

“Ele não está mais no estágio em que estava antes. Não é mais como se não desse para colocá-lo em quadra em uma partida de jeito nenhum. Não está mais fora de questão que ele pode entrar em um jogo e possivelmente causar impacto com sua envergadura e seu chute”, declarou.

Bruno pode ainda não ter as condições técnicas necessárias para virar membro fixo da rotação de um time tão competitivo como os Raptors. Pode até ser que esteja a dois anos de estar pronto, como previu Fraschilla no dia do Draft de 2014. Mas não tem problema. O próprio Masai Ujiri, gerente-geral da franquia de Toronto e responsável por recrutá-lo, sabia que o brasileiro seria uma aposta a longo prazo da franquia

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Por enquanto, o importante para o ala de apenas 20 anos é apresentar evolução, mostrando que não é mais o mesmo que era quando chegou ao Canadá. E isso parece estar acontecendo, a julgar pelo o que dizem os técnicos que vêm trabalhando com ele.

O objetivo final é o de provar que de fato tem nível para entrar em quadra regularmente e permanecer por anos na melhor liga de basquete do mundo. Ainda não dá para saber quando e se isso acontecerá. Mas conquistar a admiração de seus superiores e dar indícios de progresso são, definitivamente, passos importantes a serem dados nesta trajetória.

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