De candidato a CT da Copa, estádio de R$ 7,1 mi é abandonado e vira ponto de prostituição
4 min readDo ZigZag do Esporte/Copa do Mundo 2014.
Divulgação
“É uma importante opção para qualquer seleção que vier disputar a Copa de 2014”, comentava o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, em junho de 2012.
Enquanto caminhava, ele se mostrava surpreso com o andamento das obras do estádio de Rio Doce, em Olinda, e projetava até mesmo o seu aproveitamento como Centro de Treinamento durante o Mundial. Na última semana, a Fifa divulgou o catálogo final com as alternativas para as 32 equipes que virão para a competição, no ano que vem. Pernambuco ficou de fora. A tradicional cidade também. Mas esse não é o maior problema: desde outubro do ano passado, os trabalhos foram paralisados.
O estádio com custo estimado em R$ 7,1 milhões – R$ 6 milhões do Ministério dos Esportes e R$ 1,1 milhão da Prefeitura de Olinda -, que já gastou R$ 5,2 milhões de sua verba total e serviria de marco para a revitalização da região, está abandonado há praticamente um ano.
A reportagem recebeu denúncias de que o local virou ponto de distribuição de drogas e de prostituição. Existe o risco até mesmo de tudo que foi construído até aqui se perder.
“O pior de tudo é que a estrutura de concreto está com sinais de rachadura. Ou seja, pode comprometer toda a obra. Está tudo completamente parado, o mato cresceu e os moradores reclamam de drogas e prostituição. Fiz um pedido de informação na Câmara sobre isso, um pronunciamento, mas nem o prefeito (Renildo Calheiros) nem o ministro se manifestaram. Ninguém justifica nada. Não dão a menor informação sobre o assunto”, afirma o deputado federal Augusto Coutinho ao ESPN.com.br.
O cenário é desolador. No lugar do gramado, mato. Nas arquibancadas, sobram rachaduras. E nenhum operário trabalha. Com ordem de serviço aprovada ainda em 2008, o estádio de Rio Doce deveria ter sido entregue em dezembro do ano passado, mas pode não ficar pronto nem mesmo para a Copa do Mundo.
Para retomar as obras, estuda-se um aditivo no orçamento inicial que elevaria os gastos para R$ 10 milhões. O Ministério dos Esportes, responsável pelo financiamento da maior parte da obra, assegura através de nota que não planeja fazer nenhum novo investimento no local.
“O Ministério do Esporte repassou à Caixa Econômica Federal recursos necessários para a obra do estádio em Olinda. A Caixa, como mandatária do Ministério, realiza desembolsos de acordo com a execução da obra. A obra esteve paralisada para permitir ajuste no projeto e deve ser retomada até o fim do ano. Não há previsão de novos repasses de recursos federais para a obra”, diz.
O órgão ainda sugeriu procurar a Prefeitura de Olinda para mais detalhes a respeito do projeto. Desde o fim de outubro, ESPN.com.br tenta, no entanto, entrevista com um representante local sem retorno. Em contato com a Secretaria de Obras, foi colocado à disposição o encarregado pela pasta, João Batista Cavalcante, mas ele nunca respondeu às ligações e mensagens da reportagem.
Caso venha a ficar pronto, a promessa é de que o espaço próximo a uma área carente de Olinda tenha capacidade de público para 10.700 pessoas e conte com um complexo de lazer que abrangeria duas quadras poliesportivas, pista de corrida e até um restaurante.
Antes das obras, havia no local campos de várzea que, segundo moradores, teriam revelado, dentre outros, o meia Juninho Pernambucano, do Vasco.
O Olinda FC, fundado em 2007, já manda os seus jogos no estádio Olindão e se mudaria para o novo palco assim que as obras fossem concluídas. Ele é presidido pelo prefeito da cidade, Renildo Calheiros. No último fim de semana, o clube foi derrotado pelo América-PE e bateu na trave mais uma vez em sua tentativa de subir para a primeira divisão estadual.