Ex-Palmeiras, Malcom e mais novo que atletas: o técnico que pode, enfim, dar Liga Futsal ao Corinthians.
4 min readThiago Cara, do ESPN.com.br
GAZETA PRESS
Desde 2010, quatro treinadores diferentes tentaram dar o título da Liga Futsal ao Corinthians. Nenhum deles, porém, conseguiu ir além das semifinais. Em 2016, um quinto nome está a apenas um empate da tão sonhada conquista, em um cenário impensável para André Bié no início do ano.
“Tudo”, neste caso, não é pouca coisa. Bié, que começou a temporada a frente do sub-20 do Corinthians e apenas como auxiliar no profissional, substituiu o veterano Fernando Ferretti no time principal em maio, chegou à decisão da Liga Futsal e, de quebra, ainda comandou a seleção brasileira interinamente.
“Foi muito rápido, mas graças a Deus consegui administrar no dia a dia várias situações e fazer os atletas acreditarem no meu trabalho”, seguiu Bié, que, com apenas 37 anos, é mais jovem que alguns de seus comandados no Corinthians, como os veteranos Vander Carioca, de 40, e Índio, de 41.
Apesar da pouca idade, não dá para dizer que Bié é um novato no futsal. Só de Corinthians, são cinco anos de experiência, desde 2011, quando foi contratado para assumir as categorias sub-11 e sub-13. O início como técnico de base, porém, foi no arquirrival Palmeiras, onde ficou de 2008 a 2011.
“Em 2011, aceitei o desafio por ter (no Corinthians) pessoas muito capacitadas com quem eu poderia aprender demais, mesmo o financeiro sendo abaixo do que eu recebia no Palmeiras. Para aprender, por gostar de futsal, saber que PC (Oliveira) e (Lucas) Chioro estavam aqui, aceitei esse desafio.”
Os nomes que Bié cita como inspirações estão entre os técnicos que já tentaram ser campeões da Liga Nacional com o Corinthians. PC Oliveira, que estruturou o projeto do futsal no clube, esteve nas eliminações nas semifinais de 2010, 11 e 12; enquanto Lucas Chioro comandou o time em 2014.
A bagagem de Bié no mundo da bola também inclui a revelação de Malcom, atacante campeão brasileiro com o Corinthians em 2015. O hoje jogador do Bordeaux-FRA começou na escolinha do treinador, em um bairro na Zona Leste de São Paulo, e depois ainda o reencontrou no futsal alvinegro.
“O Malcom saiu da minha escolinha. Ele disputou alguns campeonatos, foi visto, foi muito bem, e o Esperia (tradicional clube de São Paulo) veio chamar o Malcom para o sub-11. Logo em seguida, ele foi muito bem também, e o Corinthians foi chamá-lo. No sub-15, passei a ser treinador dele.”
O reencontro entre o jovem e o técnico se deu por acaso. Malcom já estava no futebol do Corinthians, mas pela amizade com Bié defendeu o clube também no futsal. “Quando ele percebeu que eu era o treinador, conversamos, e ele veio ajudar. Na base, a gente treina dois dias e, para prevenir lesões, ele treinava só um e ia para o jogo”, lembrou o treinador, que conhece o atacante desde os cinco anos.
Sobre a diferença entre comandar jovens e veteranos, Bié garantiu não ter encontrado problemas. “Não tive dificuldade nenhuma. A não ser procurar estudar mais, cada vez mais, para dar preleções melhores, ter um vestiário melhor. São pessoas com perfil formado, já têm o que gostam na vida, são vencedores, e precisava estimular eles de alguma forma.”
Se depender dos resultados em quadra até aqui, Bié teve sucesso na empreitada. Com ele no comando, o Corinthians já foi campeão paulista em 2016 e pode faturar a Liga Nacional nesta segunda-feira. Depois de vencer Magnus/Sorocaba por 3 a 2 na ida, basta um empate no Parque São Jorge.
Do outro lado, além do craque Falcão, Bié e o Corinthians terão pela frente justamente Ferretti, técnico que iniciou a temporada no clube e pentacampeão da Liga Futsal – na equipe alvinegra, porém, foi mais um a amargar uma eliminação na semifinal, em 2015.