26/07/2024

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Quebrando tabus no tênis feminino, Teliana se ‘assusta’ com fama, se inspira em Guga e sonha

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Por Tiago Leme, do Rio de Janeiro (RJ), para o ESPN.com.br.

Efe

Teliana Pereira é a atual líder do ranking brasileiro entre as mulheres
Teliana Pereira é a atual líder do ranking brasileiro entre as mulheres

Ainda pouco conhecida entre os brasileiros, a pernambucana Teliana Pereira começa a ganhar visibilidade com os tabus que vem quebrando no tênis feminino do país. Número um do Brasil e 98ª colocada no ranking da WTA, a atleta de 25 anos estreou com vitória no Rio Open, nesta terça-feira, e já sonha até com o título do torneio.A recente ascenção de Teliana, no entanto, faz ela ainda se “assustar” com este início de fama. Ao chegar para a entrevista coletiva depois de vencer a romena Alexandra Cadantu, terceira cabeça de chave, a brasileira não disfarçou a simplicidade: “Nossa, tudo isso é para mim?”, perguntou, ao ver a sala com cerca de 20 jornalistas à sua espera.

“É tudo muito novo para mim, eu ficou feliz, mas ainda tenho que me acostumar. Espero que isso continue crescendo porque quer dizer que estou indo cada vez melhor”, disse Teliana, que comemorou bastante a vitória na estreia na quadra central.

“Foi incrível. Não é facil jogar no Brasil, eu não estou acostumada com isso, tem um pouco de pressão. Você quer mostrar seu jogo para a torcida, mas eles me apoiaram e eu fiquei feliz. A vitória foi importante, tirou um pouco de peso, acho que vou estar mais relaxada para o segundo jogo. Quebrou o gelo, isso é importante”.

Desde o ano passado, Teliana vem quebrando tabus e mostrando um potencial cada vez maior com a raquete nas mãos. O primeiro grande feito dela aconteceu em fevereiro de 2013, quando chegou à semifinal do WTA de Bogotá, na Colômbia. Há 24 anos uma brasileira não ia tão longe em um torneio da WTA, a última tinha sido Luciana Corsato, que chegou à semi em 1990, em São Paulo. Em outubro ela atingiu o seu melhor ranking da carreira, a 88ª posição, mas entrar no Top 100 já foi outra marca histórica no ano passado. A última brasileira a ficar neste grupo foi Andrea Vieira, que deixou a 95ª colocação do mundo em 1990.

Em 2013, Teliana ficou a uma vitória no qualifyng de entrar em Roland Garros, mas em janeiro de 2014 ela disputou pela primeira vez a chave principal de um Grand Slam, no Australian Open, e foi eliminada na primeira rodada para a russa Anastasia Pavlyuchenkova. Desde 1993, com Andrea Vieira, o Brasil também não tinha uma representante entre as mulheres nas quatro maiores competições do tênis. Também este ano, Teliana ajudou o país a avanaçar aos playoffs do Grupo Mundial II da Fed Cup, fase do campeonato que as brasileiras não jogavam desde 1994.

Aos 25 anos de idade, Teliana Pereira reconhece que despontou para o esporte com certo atraso, mas explica as dificuldades do tênis brasileiro em relação às grandes potências da Europa ou Estados Unidos. Para ela, o fato de esses países abrigarem diversos torneios importantes contribui bastante para a formação de jovens talentos.

“Para nós brasileiros, tudo acontece muito tarde, e a gente perde muito tempo. Eu cheguei este ano ao meu primeiro Grand Slam e fiquei nervosa. As europeias já°stão mais acostumadas com isso, acontece mais cedo para elas, e isso faz diferença no futuro. Essas coisas precisam acontecer antes para os brasileiros, ter esse convívio. Quando vejo o Guga, eu fico nervosa até hoje, elas já estão acostumadas com isso. Espero que o tênis feminino cresça muito no Brasil”, afirmou Teliana, que não escondeu a sua admiração pelo ex-tenista brasileiro Gustavo Kuerten.

“Acho que o fato de eu gostar tanto de jogar no saibro é devido ao Guga. Ele ganhou três Roland Garros, em 1997, 200 e 2001, e é uma pessoa incrível, continua sendo humilde. Sem dúvida, é uma inspiração para mim”.

‘Assustada’ com a fama, Teliana quer ajudar a alavancar o tênis no Brasil e ‘jogo solto’

Treinada pelo irmão Renato, filha de José e Maria e tendo mais três irmãos e três irmãs na família, Teliana nasceu no município de Águas Belas, no Sertão de Pernambuco, e se mudou para o Paraná quando tinha apenas oito anos de idade. Hoje, a lider do ranking brasileiro sonha até com o título do torneio da WTA no Rio de Janeiro.

Nas oitavas de final, ela vai enfrentar a experiente Yaroslava Shvedova (79ª), do Cazaquistão, na quinta-feira, mas mostra confiança em superar a pressão de atuar dentro de casa e conseguir um bom resultado.

“Eu cheguei bem antes ao Rio para me acostumar com todo esse povo assistindo, tirando foto, isso foi uma estratégia. Depois, é entrar em quadra e dar o meu melhor, não importa o que as pessoas vao falar”, disse Teliana, que finalizou.

“Eu quero ganhar, vim aqui para ganhar, mas penso jogo a jogo. Nem olho muito a chave, mas meu objetuvo com certeza é ganhar”.

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