No dia 1º de abril, veja 10 mentiras da Copa do Mundo de 2014
5 min readPor Thiago Arantes, do ESPN.com.br.
A Copa no Brasil acontecerá sem dinheiro público nos estádios. Todas as arenas ficaram prontas a tempo e respeitaram o orçamento inicial previsto. Os aeroportos foram reformados, e a mobilidade urbana ganhou importantes obras, como os monotrilhos de São Paulo e Manaus, além do VLT em Brasília. Quem vier ao país não precisa se preocupar com acesso à internet, porque já estará disponível a tecnologia 4G.
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O parágrafo acima é um apanhado de mentiras. Mentiras que um dia foram promessas, mas que jamais se tornarão verdades. Mentiras que fazem parte da preparação do Brasil para a Copa do Mundo.
Mentiras que custaram, custam e custarão caro ao país.
No dia 1º de abril, o Dia da Mentira, o ESPN.com.br relembra dez das mais famosas mentiras envolvendo a Copa do Mundo de 2014:
1) Maioria dos investimentos será privada
Antes mesmo de o Brasil ser oficializado como sede do Mundial, em 2007, Ricardo Teixeira repetia em seus raros discursos uma tese: “Uma Copa bem organizada é aquela que tem recursos prioritariamente do setor privado”. Quase sete anos depois, o dinheiro público é, de longe, o principal financiador do Mundial.
2) O Governo não investirá na construção de estádios
O discurso repetido nos primeiros meses após a escolha do Brasil como sede da Copa era de que os Governos não iriam investir na reforma e construção de estádios – a ideia era que os gastos públicos fossem feitos em outras obras de infraestrutura. Hoje, 97% do dinheiro investido nas arenas é governamental.
Quando os primeiros orçamentos de construção e reformas de estádios para a Copa do Mundo começaram a aparecer, a lista assustava pelos valores altos – o Estádio Nacional, em Brasília, ficaria em torno de R$ 700 milhões, por exemplo; mas custou mais de R$ 1,1 bilhão. Sete anos depois, todos os estádios da Copa já estouraram a previsão de gasto inicial.
As recomendações da Fifa eram claras: os doze estádios para a Copa do Mundo deveriam estar prontos até dezembro de 2013, e o Governo garantia isso, conforme declarou o então Ministro dos Esportes, Orlando Silva em 2011; os que não estivessem ficariam fora do torneio. Estamos em abril de 2014, e a Arena Corinthians, palco ‘somente’ da abertura do Mundial, ainda não recebeu uma partida oficial.
5) O Monotrilho de São Paulo
Única obra prometida para a Copa do Mundo em São Paulo, o Monotrilho não ficará pronto a tempo para o Mundial. Depois de anos de construção e de atrasos, apenas em outubro de 2012 foi feito o anúncio de que não haverá tempo hábil para que a obra seja terminada antes do torneio.
6) Transporte público em Manaus
Quando foi anunciada como uma das 12 sedes da Copa do Mundo, Manaus apressou-se em mostrar um projeto revoluncionário de transporte público, que incluía a construção de um monotrilho e do BRT. Mas, alegando problemas burocráticos que atrasaram o início das obras, os governos estadual e municipal tiraram as obras da lista de encargos para a Copa.
Outra grande obra de estrutura de transportes anunciada com pompa foi o VLT de Brasília, O sistema de trens seria a solução para uma cidade que peca pela falta de boas opções para transporte público. A construção começou em 2007, mas parou em 2010 em meio a denúncias de corrupção. Em 2012, a obra saiu do caderno de encargos da Copa.
8) O ultimato da Fifa para a Copa do Mundo
O secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, perdeu a paciência com os seguintes atrasos das cidades-sede, especialmente Curitiba. Em janeiro deste ano, o homem-forte da entidade no Brasil deu um ultimato à capital paranaense: ou as obras da Arena da Baixada avançassem até 18 de Fevereiro, ou a Copa deixaria a cidade. Passou a data, o estádio ainda não está 100% concluído, e o local segue como um dos palcos para o Mundial.
A Copa seria uma ótima oportunidade para mudar a sucateada estrutura aeroportuária do Brasil. Durante os anos que se seguiram ao anúncio do país como sede do Mundial, todas as cidades – mesmo ainda na fase de candidatura às sedes – prometeram reformas, mas menos da metade de cumprir o planejado. Em Belo Horizonte, a reforma já foi reduzida para terminar antes do Mundial; em Curitiba, apenas 30% das obras estará pronta na época da Copa.
10) A Internet 4G
A tecnologia de acesso a internet e telefonia, que já existe em países da Europa e nos Estados Unidos, era uma das promessas para as 12 cidades-sede, devido à alta demanda durante a Copa do Mundo. Meses antes do Mundial, especialistas em telecomunicações já apontam que não há mais tempo para que o sistema seja implantado em todas estas cidades antes do Mundial.