Campeão na várzea, pai boleiro banca campeão de Wimbledon. Entenda o fato.
3 min readGustavo Faldon, do ESPN.com.br.
Gustavo Faldon/ESPN.com.br
Com apenas 18 anos, Marcelo Zormann fez história ao lado de Orlando Luz (16 anos) há pouco mais de 10 dias ao conquistar o título de duplas juvenis em Wimbledon, a primeira taça de um brasileiro na “grama sagrada” desde 1966. Zormann, 13º do ranking de simples de juniores, é tímido, ainda garoto. Um dos principais apoiadores da carreira do adolescente é seu pai, Marcelo da Silva.
O mundo do tênis, para quem não é nenhum Federer, Sharapova ou Djokovic pode ser um meio cruel, em especial para o bolso. Não é fácil arcar com os custos, viagens, entre outros, no começo de carreira. Zormann tem a sorte de ter o pai ao lado. Marcelo da Silva vai ao oposto do filho. É extrovertido, nada tímido, adora contar histórias e fala bem.
Como o jovem tenista ainda está em começo de carreira, Da Silva contribui com o “paitrocínio”, bancando os custos que a Confederação Brasileira de Tênis e patrocinadores de Zormann não conseguem cobrir.
Hoje em dia, Da Silva trabalha no setor comercial de uma empresa que tem o seu primo como dono. Por esse motivo consegue sustentar o seu filho, algo que segundo o próprio não aconteceria há 10 anos.
“O suporte que eu dou são os custos. Muitas vezes ele tem custos com viagem ou hotel. A CBT também ajuda. Nós temos um patrocinador, ele dá uma ajuda e eu complemento. Toda vez que ele faz essas viagens longas eu ajudo com os valores. Hoje eu trabalho numa empresa e graças a Deus tenho condições de ajudá-lo. Se fosse há 10 anos, não teria. E faço de tudo para ele para que ele possa crescer na carreira”, contou Marcelo da Silva, ao ESPN.com.br.
O sangue de atleta corre nas veias de Marcelo Zormann. Seu pai foi jogador profissional de futebol, com passagens por clubes como Linense, Bragantino e até o futsal do Real Zaragoza, além de também ter sido campeão da Copa Kaiser (um dos mais tradicionais torneios de futebol de várzea do país). Já seu avô é professor de tênis e foi quem trouxe Zormann para as quadras ao invés dos campos.
“O tênis não é muito reconhecido aqui no Brasil. Hoje o tênis continua sendo esporte de elite. Se tivesse que colocar ele numa academia de tênis há 10, 12 anos, não teria condições. O vô ajudou ele. Se ele estivesse jogando nos Estados Unidos, teria hoje 10 patrocínios. É muito difícil o pessoal investir. Mas eu não perco a esperança nunca”, comentou o pai.
Mesmo aposentado dos campos e com 42 anos, Marcelo da Silva ainda joga futebol até os dias de hoje e faz parte da equipe de veteranos do Corinthians. “Jogo futebol até hoje, viajo muito para fora. Já fechei uma viagem para Cancún, agora em setembro vamos para Portugal e Espanha disputar campeonatos”.