Hyun Sol-Him, mas pode chamar de Chico: coreano-brazuca vira sensação da Série C; confira.
3 min readFrancisco De Laurentiis, do ESPN.com.br, e Vladimir Bianchini, da Rádio ESPN.
Ele é brasileiro, paraguaio e sul-coreano, tudo ao mesmo tempo. Além disso, é a sensação da Série C deste ano, jogando pelo Tupi, de Minas Gerais. Francisco Hyun Sol-Him não tem uma história de vida comum, nem sabe que língua falar direito, mas entende de bola.
Filho de imigrantes coreanos que vieram para o Brasil e foram morar no Paraguai nos anos 90, Chico, como é conhecido, nasceu em Cascavel-PR, depois que sua mãe e uma amiga, grávidas, cruzaram a fronteira para que os filhos nascessem no país vizinho e ganhassem nacionalidade brasileira.
“Os jogadores brincam, falam que sou coreano falso, brasileiro falso (risos). Mas sou muito feliz por ter todas essas nacionalidades. Estou na luta no Brasil por uma oportunidade e quero mostrar minha qualidade para chegar em um time grande”, conta o meio-campista, misturando português e espanhol, em entrevista à Rádio ESPN.
Brasileiro, paraguaio e coreano, Chico logo mostrou apreço por uma paixão comum a esses três países: o futebol. Começou a jogar no Águia Negra-MS, passando depois por Cene-MS, Brasiliense-DF, Olímpia-SP e Atlético Sorocaba-SP antes de chegar ao Tupi, vice-líder do grupo B da Série C.
Contratado em maio, logo mostrou bom futebol e ganhou a confiança do técnico Leonardo Condé, que o tornou titular. O coreano retribuiu com três gols nas últimas três partidas, inclusive um na goleada por 5 a 0 sobre o Mogi Mirim, líder do grupo, no último domingo.
“Meu começo foi difícil, pois as pessoas viam o olho puxado e os treinadores não davam oportunidade nem mostravam confiança. Não sei o porquê, mas eles pensagem que no jogo eu ia tirar o pé, pipocar. Graças a Deus venho mostrando a cada treino e a cada jogo que tenho capacidade. Estou me aperfeiçoando e melhorando a cada dia”, afirma.
Fã de samba e pagode, de picanha com salada e também do cantor sul-coreano Psy (garante que o conhecia bem antes do astro de “Gangnam Style” ficar famoso), Chico diz ter um pouco de cada nacionalidade em seu futebol. Do país de seus pais, trouxe a disciplina. Hoje, sonha com uma convocação para a seleção asiática.
“Os coreanos tem uma cultura de respeito ao técnico e à dedicação tática. São muito organizados, e eu tenho um pouco disso. Desde pequeno tenho o sonho de jogar pela Coreia. Quem sabe se eu me destacar aqui ganho uma oportunidade na seleção…”, sonha.
Excursão à Coreia do Norte
Quando jogava no Atlético Sorocaba, o coreano-brazuca viveu uma aventura inesquecível. A equipe do interior paulista era propriedade do norte-coreano Sun Myung Moon, o Reverendo Moon, fundador da Igreja da Unificação e falecido em 2012. Todo ano, portanto, o time sorocabano viaja à Coreia do Norte para disputar amistosos, inclusive contra a seleção local. Chico ficou meio ressabiado ao visitar o país que é inimigo da Coreia do Sul, mas diz que tudo correu bem.