DJ, boleiros e deputado. Veja as conexões de chefe da máfia do ingresso.Confira fotos e entenda o fato.
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Vinicius Konchinski DO UOL, no Rio de Janeiro.

Mohamadou Lamine Fofana
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O argelino Mohamoud Lamine Fofana está preso no Rio de Janeiro, suspeito de chefiar uma quadrilha internacional de venda de ingressos da Copa do Mundo. Segundo a polícia, o grupo do qual ele fazia parte captava bilhetes do Mundial com diversas fontes, inclusive a Fifa, e os vendia a preços bem acima do mercado para todo tipo de clientes. De ricos empresários e torcedores fanáticos.
Empresário do ramo esportivo, Fofana tinha portas abertas em eventos reservados da Copa do Mundo e também promovia suas próprias festas para ampliar sua rede de relacionamentos e negócios. Rede essa, aliás, que já era bem vasta. Investigações da Polícia Civil ligaram Fofana a alguns nome de peso do futebol. Confira abaixo algumas conexões que o chefe da máfia dos ingressos mantinha:
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Agente na Fifa
Segundo a Polícia Civil, a quadrilha de Fofana obtinha ingressos para revender de diferentes formas. Sabe-se já, porém, que pelo menos um membro da alta cúpula da Fifa fornecia bilhetes ao argelino. Esse integrante da federação é estrangeiro e está hospedado no Hotel Copacabana Palace. A polícia ainda não revelou quem é esse agente de Fofana infiltrado na Fifa.Foto: Xinhua/Zhou Lei
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Agente na Match Hospitality
A polícia também acredita que Fofana tem pelo menos um contato dentro da empresa parceira da Fifa responsável pela venda de ingressos de hospitalidade para jogos da Copa. Esses ingressos dão direito à entrada em camarotes de estádios, e por isso são mais caros. Para a polícia, alguém da Match passava os ingressos para a quadrilha.Foto: Reprodução
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DJ captador de ingresso em ONG
O delegado Fábio Barucke afirmou que a quadrilha de Fofana contava com a colaboração de um DJ da Vila Kennedy, bairro pobre do Rio, que captava ingressos da Copa destinados pela Fifa a ONGs. Esse tipo de ingresso também foi apreendido por policiais. Não foram revelados os nomes das organizações que receberam os bilhetes.Foto: Hanrrikson de Andrade/UOL
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Assis, irmão de Ronaldinho Gaúcho
Escutas telefônicas apontam que Assis Moreira, irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho, negociou ingressos por telefone diretamente com Fofana. Nas ligações, aliás, os dois pareciam bem a vontade. Assis será chamado para depor por causa dessa negociação. Procurado pelo UOL Esporte, ele não retornou aos contatos.Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem
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Dunga, ex-capitão e ex-técnico da seleção
Dunga é outro nome ligado ao mundo do futebol que terá que depor por causa de suas relações com Fofana. Durante investigações, a Polícia Civil verificou que o ex-jogador e ex-técnico da seleção brasileira encontrou diversas vezes com o argelino, em eventos e hotéis. Dunga negou manter relações com o chefe da quadrilha.Foto: Vinicius Costa/Preview.com
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Júnior Baiano, ex-jogador
O argelino Lamine Fofana foi preso no Rio de Janeiro dentro de um apartamento que pertence ao ex-zagueiro da seleção brasileira Júnior Baiano. O imóvel estava alugado a Fofana por causa da Copa. A polícia não viu qualquer indício de participação de Junior Baiano na máfia dos cambistas. À Folha, o ex-jogador disse não ter nada a ver com a quadrilhaFoto: Juca Varella/Folha Imagem
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Romário, deputado federal e ex-jogador
Romário também manteve relações com Fofana, porém antes de ele ser investigado pela polícia brasileira pela venda ilegal de ingressos da Copa. O deputado federal participou de um amistoso promovido por Fofana em 2011, na Chechênia, junto com outros tetracampeões do mundo. Depois, visitou os Emirados Árabes a convite de Fofana. Romário negou manter relações com Fofana.Foto: Danilo Verpa/Folhapress
Operação Jules Rimet
A operação que prendeu Fofana e outros dez suspeitos foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de pelo menos um mês de investigações da polícia e Ministério Público.
Mais de cem ingressos foram apreendidos na ação, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades (camarotes) e até a membros de comissões técnicas de seleções. Dez ingressos, inclusive, eram reservados as integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.
Segundo Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo. Na Copa, o grupo poderia faturar R$ 200 milhões.
Suspeitos presos informaram à polícia que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.
Todos os presos vão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e cambismo. Podem ser condenados a até 18 anos de prisão.