Evento-teste de canoagem tem algas na Lagoa, boicote da seleção e dúvida sobre arquibancada.
4 min readTiago Leme, do Rio de Janeiro (RJ), para o ESPN.com.br.
A preparação do Rio de Janeiro para receber a Olimpíada de 2016 segue com eventos-teste realizados quase que semanalmente na cidade. Neste domingo, terminou a competição de canoagem de velocidade, que foi realizada durante três dias desde sexta-feira na Lagoa Rodrigo de Freitas.
O local de provas, que já tinha recebido o evento de remo no mês passado, é um dos mais polêmicos dos Jogos, principalmente por causa da preocupação com a poluição. No entanto, outros fatores acabaram ganhando importância nesta última semana e ligaram o sinal de alerta nos organizadores: o excesso de algas na água, o boicote dos principais atletas da seleção brasileira por falta de pagamento e a dúvida sobre a construção da arquibancada flutuante.
Algas
O excesso de algas nas raias da Lagoa gerou reclamações dos atletas e preocupou a Federação Internacional de Canoagem (ICF). A canoísta austríaca Viktoria Schwarz, namorada de Fernando Fernandes, paratleta da canoagem e ex-participante do programa “Big Brother Brasil”, postou uma foto nas redes sociais na internet sobre a situação ruim da água.
“Terminei a temporada com o quarto lugar no evento-teste olímpico no Rio. O curso é muito bonito, mas a água estava cheia de algas. Então, me pareceu mais de 500m com resistência”, escreveu Viktoria, no Instagram.
A presença de algas em locais de competição não é incomum em outros campeonatos de canoagem pelo mundo, mas o que aconteceu nos últimos dias no Rio de Janeiro foi considerado muito acima do normal.
“A quantidade de algas não tem ligação com a qualidade da água, que vem sendo monitorada pelos governos. O inverno foi atípico, muito quente, e fez com que elas crescessem em uma época que não é normal. Isso nos alertou e faremos o possível para ter uma raia com o requerimento necessário e sem algas”, explicou Sebastian Cuattrin, do Comitê Organizador do Rio 2016, responsável pelo evento.
Boicote
Na sexta-feira, Isaquias Queiroz, Nivalter Santos, Erlon Souza e Ronilson Oliveira, da seleção brasileira, anunciaram que não iriam competir no Rio em protesto contra a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa).
O boicote foi liderado por Isaquias, bicampeão mundial e medalha de ouro no Pan-Americano de Toronto-2015. Os atletas reclamaram de não estarem recebendo desde fevereiro a verba do (BNDES) Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). As condições de hospedagem também foram alvo do protesto dos canoístas brasileiros, que ficaram na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), na Urca.
Arquibancada flutuante
A polêmica construção da arquibancada provisória flutuante na Lagoa ainda está indefinida. O setor, que inicialmente teria capacidade para 10 mil pessoas e depois caiu para 4 mil espectadores, não foi feito para o evento-teste e ainda é dúvida para a Olimpíada de 2016.
Como a arquibancada não pôde ser testada nesta última semana, existe um questionamento sobre a possibilidade de o vento balançar a estrutura e causar ondas na Lagoa, o que prejudicaria as provas de canoagem. Por causa disso, uma decisão ainda será tomada sobre o assunto nos próximos meses.
Pontos positivos
Apesar dos problemas observados, o balanço do evento feito pelo Comitê Organizador foi positivo. O destaque foi a utilização de GPS nas canoas, que permitiu que o público acompanhasse a disputa em tempo real através de um telão. A novidade no Rio de Janeiro foi utilizada também no Mundial deste ano da modalidade, em Milão, na Itália.
Muitos outros pontos, porém, como parte das instalações para atletas e torcedores, ainda não foram testados da mesma forma que serão nos Jogos Olímpicos do próximo ano.
“A gente tem aqui o teste oficial das áreas de tecnologia, resultados, gerenciamento de competição e gerenciamento de instalação. Nós temos 54 áreas funcionais envolvidas. A única coisa que não está sob controle é o clima, começou a ventar um pouquinho, mas o evento tem sido muito bom”, disse Cuattrin.