Amanda imparável, Aldo perfeito e Anderson o maior vencedor da noite; veja análise do UFC 200.
5 min readIgor Resende, de Las Vegas (EUA), para o ESPN.com.br
O UFC 200 ficou para a história. E, com certeza, ganhou um capítulo para lá de especial nos livros de história. Em uma noite épica, um cinturão mudou de mãos, um gigante do pay per view voltou ganhando, um dos maiores campeões recentes voltou a vencer e um dos maiores lutadores de todos os tempos deixou a T-Mobile Arena como o maior vencedor da noite, mesmo tendo sido derrotado.
Sem papo furado, vamos às lutas.
AMANDA NUNES VS. MIESHA TATE
Atropelo, massacre, domínio total. Chame de como quiser, mas tenha sempre em foco que o que Amanda Nunes fez com Miesha Tate foi impressionante.
A brasileira era uma das maiores ‘zebras’ da noite. Mas provou que era mesmo muito subestimada. Ela fez exatamente o que todo mundo esperava dela: partiu para cima como uma ‘Leoa’ para acabar logo com a luta.
Miesha sabia que ela fazer isso, mas simplesmente não teve como escapar. Quando a primeira mão entrou de verdade, Tate balançou como não tinha balançado nem contra Holly Holm, uma das melhores trocadoras do mundo.
Amanda teve a mão pesada para conseguir o knockdown e a cabeça perfeita para abrir mão de um ground and pound e buscar a finalização assim que viu a brecha. Miesha, que teoricamente era muito superior no chão, acabou batendo para um mata-leão.
O Brasil tem seu primeiro cinturão entre as mulheres. E que não se subestime mais Amanda Nunes!
ANDERSON SILVA VS. DANIEL CORMIER
Anderson Silva é o maior vencedor da noite no UFC 200. Sim, é verdade, ele perdeu para Daniel Cormier. E de forma inconteste, com todos os três jurados apontando 30-26 em favor do norte-americano.
Mas sair com o braço levantado nem sempre é o que te faz um vencedor.
E poucos já foram mais vencedores do que Anderson nesta noite. Veja bem: ele aceitou a luta na quinta-feira, com menos de 48 horas de antecedência. Um combate diante de um campeão muito mais pesado que ele, diga-se.
O prognóstico era claro: Spider não passaria do primeiro round. Com sorte, deixaria o octógono sem se machucar muito.
Só que ele é Anderson Silva. E ninguém ganha de Anderson Silva com facilidade. Mesmo sem treino e sem preparo físico adequado, o brasileiro não só aguentou os três rounds como deu um calor em Cormier no terceiro e último assalto.
O campeão dos meio-pesados teve que apelar para o que tem de melhor: durante todo o tempo, fugiu dos golpes de Anderson Silva para levar a luta para baixo. E ainda há de se ressaltar que, mesmo visivelmente muito mais fraco, o brasileiro até que conseguiu se virar bem por baixo e travar a luta sem sofrer com o contundente ground and pound.
Aquele desgosto que muitas pessoas tinham por Anderson provavelmente ficou para trás. Ele se provou um verdadeiro campeão. Mais até do que quando tinha um cinturão.
JOSÉ ALDO VS. FRANKIE EDGAR
O melhor José Aldo está de volta. Esqueça aquele lutador que partiu como um louco para cima de Conor McGregor. O brasileiro voltou a fazer um jogo perfeito diante de Frankie Edgar no UFC 200, usou tudo que tinha de melhor e fez o máximo para não se expor diante de um adversário complicadíssimo. Como sempre fez até a luta do irlandês, foi perfeito para buscar o título interino.
E veja bem: Aldo soube mudar o próprio estilo de luta para se sair vitorioso. Ele abriu mão, por exemplo, dos potentes chutes baixos para evitar que fosse derrubado pelo norte-americano.
A defesa de quedas do brasileiro, aliás, é algo a se ressaltar muito. Ele não caiu em nenhum momento nas tentativas de Edgar e conseguiu controlar a luta como quis.
Ah se tivéssemos visto esse Aldo diante de McGregor…
A chance de tirar isso a limpo e ver o que aconteceria deve vir agora. Afinal de contas, um é campeão interino e outro campeão linear. E só pode haver um campeão!
BROCK LESNAR VS. MARK HUUNT
Quando a inteligência fala mais alto que a potência. Brock Lesnar sabia muito bem o que estava fazendo na noite deste sábado em Las Vegas. Ele não voltou ao UFC a passeio, só para ganhar dinheiro. Contra uma das mãos mais perigosas do mundo, evitou a trocação e fez o que sabe fazer melhor: levar a luta para o chão.
E Lesnar é um monstro. Quando parte desgovernado para cima de alguém, geralmente acaba conseguindo derrubar. Foi o que aconteceu no primeiro e no terceiro rounds do duelo. Ainda mais porque Mark Hunt não é lá tão conhecido por ter uma defesa de quedas muito boa – pra não dizer que ele tem uma das piores.
A preocupação ficava por conta do fôlego de Lesnar. Mas, mesmo depois de quase cinco anos longe dos octógonos, ele mostrou que tem sim lenha para queimar.
VEJA TODOS OS RESULTADOS DO UFC 200
CARD PRINCIPAL
Amanda Nunes venceu Miesha Tate por finalização aos 3min16s do primeiro round e conquistou o cinturão do peso galo feminino
Brock Lesnar venceu Mark Hunt na decisão unânime dos jurados (29-27, 29-27 e 29-27)
Daniel Cormier venceu Anderson Silva na decisão unânime dos jurados (30-26, 30-26 e 30-26)
José Aldo venceu Frankie Edgar na decisão unânime dos jurados (49-49, 49-46 e 48-47) e conquistou o cinturão interino do peso pena
Cain Velasquez venceu Travis Browne por nocaute técnico aos 4min57s do primeiro round.
CARD PRELIMINAR
Julianna Peña venceu Cat Zingano na decisão unânime dos jurados (29-28, 29-28 e 29-28)
Kelvin Gastelum venceu Johny Hendricks na decisão unâninme dos jurados (29-28, 30-27 e 30-27)
T.J. Dillashaw venceu Raphael Assunção na decisão unânime (30-27, 30-27 e 30-27)
Sage Northcutt venceu Enrique Marin na decisão unânime dos jurados (29-28, 29-28 e 29-28)
Joe Lauzon venceu Diego Sanchez por nocaute técnico a 1min26s do primeiro round
Gegard Mousasi venceu Thiago Marreta por nocaute aos 4min32s do primeiro round
Jim Miller venceu Takanori Gomi por nocaute técnico aos 2min18s do primeiro round.