Barcelona usa até Fla-Flu para convencer sócios a aprovarem novo estádio
3 min readPor Thiago Arantes, de Barcelona (Espanha), para o ESPN.com.br.

Enquanto vive a expectativa de um clássico que pode definir o futuro da Liga Espanhola e aguarda seu adversário nas quartas de final da Champions League, o Barcelona se encontra em outra disputa: no dia 5 de abril, os sócios do clube votarão em um referendo para a construção de um novo estádio.
E, na disputa pela aprovação, vale apelar até para a dupla Fla-Flu.
O projeto de reformulação tem custo estimado em 600 milhões de euros (cerca de R$ 2,2 bilhões) e inclui, além do Novo Camp Nou, novas instalações para a equipe de basquete, estádio para o Barcelona B e a revisão das áreas anexas à arena atual.
Mas, para que tudo saia o papel, é preciso que a maioria dos sócios votantes diga “sim”.
Nas últimas semanas, o Barcelona tem feito uma série de eventos para explicar aos associados as vantagens de um novo estádio. A campanha inclui a montagem de espaços com maquetes, vídeos e explicações sobre o projeto. A ideia da direção do clube, claro, é que os sócios – os proprietários do clube – motivem-se a votar a favor.
Uma das justificativas para a montagem de uma nova estrutura é financeira. O Barcelona fatura anualmente, com entradas VIP e camarotes, cerca de 12 milhões de euros (R$ 40 milhões), enquanto clubes como Arsenal, Real Madrid e Manchester United recebem até três vezes este valor.
Um dos banners explicativos da exposição afirma: “Todos os nossos rivais têm um estádio novo ou em processo de reforma”. A lista tem Real Madrid, Juventus, Manchester United, Paris Saint-Germain, Lyon… E a dupla Fla-Flu.
Os dois clubes cariocas são citados como beneficiários do novo Maracanã, reformado a um custo superior a R$ 1 bilhão para a Copa do Mundo. Mas, ao citar as duas equipes brasileiras, o Barcelona cometeu um pequeno deslize: desfigurou o escudo do Flamengo.
Crise e naming rights – Parte dos sócios que votariam contra o projeto o fariam por não serem simpáticos à atual junta diretiva do clube. Mas há outra parcela que pensa no fator econômico: a Espanha – e, por tabela, a Catalunha – ainda não se recuperou plenamente da crise que recai sobre o país nos últimos anos.
Em entrevista ao ESPN.com.br, o presidente Josep Maria Bartomeu falou sobre o assunto e afirmou que, para evitar qualquer percalço no financiamento das obras, o clube deve abrir uma concorrência denaming rights com um valor que poderia chegar a 200 milhões de euros.
“É justo perguntar que em um país em que temos uma certa crise econômica, como o Barcelona pode gastar tanto? Bem, o país está melhorando. A Espanha como país está melhorando suas condições econômicas. E também nosso clube, como um dos maiores do mundo e com um faturamento muito alto”, disse Bartomeu, antes de dar mais detalhes sobre o plano de como financiar o estádio.
“Um terço do valor será adquirido por empréstimo junto a um banco, um terço sairá dos cofres do clube e o terço final será negociado com naming rights. Vamos colocar um sobrenome no Camp Nou. Vamos seguir respeitando o nome de Camp Nou, mas daremos um nome a mais para ele”, explicou.