CBV contratou pai de prefeito do Rio, que contratou ‘parceiro’ de Ary
3 min readPor Lúcio de Castro, especial para o ESPN.com.br.
O ano de 2012 tem tudo para ficar na história do vôlei brasileiro como aquele que não terminou. E promete não terminar tão cedo, sob a lupa de órgãos de fiscalização e controle. Os gastos da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) com “assessoria jurídica” foram anabolizados em mais de 635% pós-2011, quando R$ 562.000,00 (quinhentos e sessenta e dois mil reais) foram pagos como “assessoria jurídica”. No ano seguinte, tal despesa pulou para R$ 4.130.000,00 (quatro milhões, cento e trinta mil reais). O beneficiário dos pagamentos foi o Escritório de Advocacia Valmar Paes, do pai do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
A parceria entre a CBV e o escritório de Valmar Paes tem mais de uma década. Amigos desde os tempos de escola e faculdade, Valmar Paes e Ary Graça Filho, então presidente da CBV, são pares também no conselho consultivo do IBEF (Instituto Brasileiro de Executivos Finanças). Uma parceria que vem antes do mandato de Eduardo Paes na prefeitura do Rio. O incremento do volume da relação entre CBV e o escritório de Valmar Paes é que é mais recente, em 2012. Ano da campanha para reeleição de Eduardo Paes , alcançada no primeiro turno.
Questionada sobre os contratos com o escritório de Valmar Paes, a entidade respondeu: “Em resposta à solicitação da ESPN, a Confederação Brasileira de Voleibol esclarece: o contrato entre a CBV e o escritório Valmar Paes, assim como outros feitos na gestão anterior entre a CBV e empresas terceirizadas, está sendo auditado pela Pricewaterhouse Coopers”.
A reportagem tentou contato com Valmar Paes para falar sobre os contratos com a CBV em seguidas ligações para o escritório, sem sucesso. Também enviou pedidos de resposta por seu e-mail pessoal, sem resposta.
Em 2011, a prefeitura comandada por Eduardo Paes beneficiou a S4G Gestão de Eventos, empresa que consta ser de Fábio Azevedo, braço direito de Ary Graça, com um contrato (processo 18/100.459/2011) no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para “realização do evento denominado Grande Prêmio Brasil de Turfe 2011)”. Sem licitação, o documento foi assinado em 5 de outubro de 2011. Dois dias antes da prova. Muito mais do que a vitória de Belo Acteon, a corrida ficou marcada pelos inéditos protestos no hipódromo contra o presidente Luis Eduardo da Costa Carvalho, o Lecca, sob acusação de corrupção. Pouco tempo depois, a Polícia Federal desencadeou a “Operação Grande Prêmio”, com mandados de apreensão e busca nas sedes do Jóquei e do Centro.