Após Mundial ruim, vela brasileira sobrevive com sobrenomes famosos.
3 min readDo Zigzagdoesporte.com.br por UOL, em São Paulo.
Martine Grael e Kahena Kunze conquistaram, no último domingo, o primeiro título mundial da vela feminina do Brasil. Sim, o sobrenome que você leu é esse mesmo, Grael. Ela é filha de Torben, um dos maiores atletas olímpicos que o Brasil já teve, dono de cinco medalhas olímpicas, duas de ouro (e que também já venceu a regata de volta ao mundo). É sobrinha, também, de Lars, que deu outras duas medalhas olímpicas para a família – sem contar os tios-avôs, Erik e Axel Schmidt, os primeiros brasileiros campeões mundiais da modalidade.
A conquista de Martine prova uma coisa: vela, no Brasil, sobrevive de sobrenomes famosos. Nos últimos dois anos, desde que sua classe foi confirmada ela se tornou uma das melhores do mundo. Disputou 16 campeonatos, venceu oito. A medalha de prata do Mundial de 2013 já era o melhor resultado do gênero na vela feminina. O ouro de 2013, no Mundial de Santander, na Espanha, consolidou a família como a grande referência da vela brasileira para o Rio-2016.
Seu irmão, Marco, ficou longe do pódio, mas foi o melhor brasileiro em sua classe. Ao lado de Gabriel Borges, foi o 30º na classe 49er – se os Jogos do Rio fossem hoje, ele provavelmente seria o escalado do país na categoria. Além disso, o pai dos dois, Torben, é o técnico da equipe nacional.
Outro velejador de sobrenome famoso aparece, ao lado de Martine, como esperança para pódio nas águas da Baía de Guanabara. Jorginho Zarif é filho de Guga Zarif, oitavo colocado nas Olimpíadas de 1984, em Los Angeles, veterano de dois Jogos Olímpicos e nove vezes campeão brasileiro da classe Finn.
Jorginho, porém, foi a maior surpresa negativa do Mundial: ele chegou ao torneio como campeão mundial da classe Finn, além de ser bicampeão mundial júnior da classe. Na água, porém, teve um Mundial para esquecer e terminou em 38º lugar.
Robert Scheidt não vem de uma família de velejadores vencedores, mas não precisa. Aos 41 anos, é o maior atleta da vela olímpica do país: tem seis medalhas olímpicas, duas delas de ouro, e 14 títulos mundiais de classes olímpicas: 11 na Laser (na qual voltou a competir no ano passado) e três na Star (que deixou o currículo dos Jogos em 2012). Na Espanha, porém, ficou só em quinto lugar.
Scheidt e Martine foram os únicos brasileiros classificados para a Medal Race, a final da vela, que reúne os dez melhores das regatas de classificação. Os outros no Mundial de Santander acabaram fora da luta pelos primeiros lugares. Ricardo Winicki, o Bimba, por exemplo, chegou como líder do ranking mundial da classe RS:X. Terminou apenas na 15ª posição. Bruno Fontes, 4º do mundo, também ficou fora do grupo dos melhores da classe Laser, terminando em 12º lugar.
As duas primeiras medalhistas olímpicas do país também não brilharam. Fernanda Oliveira e Isabel Swan, bronze em Pequim-2008 na classe 470 feminina, agora velejam com novas parceiras. Ficaram entre as 13 melhores. Proeira de Renata Decnop, Isabel foi a 12ª. Ao lado de Ana Barbachan, Fernanda Oliveira foi a 13ª. Patrícia Freitas, da RS:X feminina, chegou a ficar entre as três melhores na Espanha, mas terminou apenas em 14º.